Cair da cama muito cedo têm seu preço mas na maioria da vezes não há arrependimento, e assim começou mais uma balada de corredores na madrugada!
Acordamos, saímos de casa e chegamos a tempo de pegar o ônibus da organização direto para a prova Trilha do Caveira na Serra do Matoso em Itaguaí -RJ.


No ônibus com sono e o Chico Águia não deixa ninguém dormir com seu bom humor e disposição.
Finalmente íamos conhecer a Serra do Matoso; quando soubemos da prova fomos prestigiar a criação do nosso amigo Sergio Dantas em parceria com a organizadora Spiridon.
Local de treino do Dantas e de outros amantes das corridas de montanha, vimos várias fotos de treinos anteriores e essa prova realmente não dava para perder!
A poucos metros do local da largada, o céu nublado já era um bom sinal, o sol maçarico pelo menos por hora não estava em ação as 7h30 da manhã.
Chegamos! O local e a estrutura já impactaram.
Sim era uma prova de Trail Run em um cenário novo e desconhecido para nós.
No fundo a Serra que iriamos subir e agora após o reconhecimento básico, passagem pelo guarda –volumes e encontro com os amigos; o próximo passo seria buscar informações sobre o percurso para traçarmos uma estratégia nos 40 minutos antes da prova.
Não tivemos a oportunidade de estudar altimetria, então essa era a oportunidade.
Ninguém melhor do que o criador e veterano no local para nos dar um parecer rápido e preciso do que viria.
Na mesma hora encontramos Pablo Nelson, outro guerreiro, e ai vão suas palavras sobre o local e outras dicas essenciais de incentivo para quem decide encarar esse tipo de desafio!
Presença maciça do Bope com seus atletas colocando literalmente todos participantes a prova!
Toda turma presente! Cafezinho na tenda dos Foca na Corrida com direito a bolo não tem preço, sem falar dos ninjas de plantão na área!
E assim seguimos para a largada as 8h30 dos 29.2 km da Trilha do Caveira.
A largada dos 29.2km foi a primeira, na sequencia saiu a galera dos 10k e depois os 5k.


Eu Sheila Zanesco, não estava treinando para esta prova, estava apenas com o preparo de corridinhas e natação continua; fui para curtir o trajeto da melhor forma.
Logo de cara o mormaço se fez presente, já mostrou que não seria fácil, que precisaria otimizar esforços e prestar a atenção na hidratação. Vamos lá, vamos seguir…
Confesso que nos 4k já pensei, devia ter escolhido os 10k…mas vamos ver no que vai dar… e aí um passo atrás do outro…

E a subida começa e continua…
O trajeto é longo e difícil…..mas no meio de tudo isso ainda encontramos amigos que nos fazem companhia ao longo do percurso e assim foi a corrida. Começamos a formar a turma do mesmo pace e do mesmo objetivo para encarar este desafio até fim.

Já em outros trechos você fica praticamente sozinho ..
…o que te possibilita perceber ainda mais a companhia da Natureza!
Sem falar nas características de cada lugar, acima o pé de moleque originário da era colonial.
Quase na metade e vamos seguir!

O Moraes conhecia o caminho e deu uma dica valiosa, no 15k tinha um bicão, eu Sheila, fiquei contando os minutos para chegar e quando chegamos não tive dúvida, entrei de roupa e tudo; precisava controlar a temperatura do meu corpo e sai renovada pronta para começar uma nova prova.


Outros pontos de atração no caminho:


E vamos continuar, sobe, sobe, sobe, visual incrível, fazendas, gado, horizontes…e eu esperava pelo momento que fossemos começar a descer tudo novamente…
Descer é melhor? Depende, dessa vez foi uma surpresa e tanto. A maior parte da prova é pista de chão batido e eu pensava que esta prova seria perfeita para quem quer correr na natureza e não gosta de trilha, por que tem medo de cair, etc; até que no 24km começamos a descer…mas pelos famosos pés de moleque, pedra sobre pedra e com as pernas cansadas, todo cuidado é pouco.
Enquanto isso o César…
E ai vai a dica , guarde bem essa placa, pois aqui começa praticamente uma nova prova no desafio!
E este é o ponto que reforça e consolida a Trilha do Caveira, não é uma trilha simples para iniciantes, e sim para te testar em um terreno difícil após percorrer 24km . Se é uma das Bases de Instrução do Bope, não precisa dizer mais nada.
E nesse ponto encontro o amigo corredor Daniel Nicolau, nesse dia, na organização e nos ajudando nas dicas e hidratação! Valeu!
Inicio da trilha logo após a passagem da Base do Bope.
Colocando todos seus conhecimentos de corrida e trilhas em uso… É onde o tempo urge! Tive a certeza que se não aumentasse a velocidade de descida pelo single track de pé de moleque não chegaria antes das 4h00.
Ai bateu aquela doideira e me forcei a descobrir como me mover nesse terreno, e a resposta orgânica foi uma serie e pequenos saltos tocando o mínimo as pedras. Pequena amplitude de passada o que facilita correções para sair de possíveis quedas e imperfeições e quando dava, aumento da amplitude de passada para ganhar tempo quando as pedras eram maiores.
Foi um tremendo aprendizado de emergência e que para minha sorte funcionou.
Esse tipo de atividade possibilita amizades que duram segundos, pois talvez nunca mais encontre o amigo, mas proporcionam momentos únicos de solidariedade e união. O real valor da simplicidade e gestos espontâneos ensinam e relembram os valores que devem estar presentes conosco na vida realmente como é na sua essência!
Cheguei nos 26 km, final do single track, porém com mais 3 km aproximadamente a percorrer sem olhar para o relógio, pois queria sim chegar antes das 4h.
No final destes dois kms aproximados de pedras encontrei o Dantas e agradeci o presente! Coisa de corredores que sabem qual é a sensação de faltando 4 kms se deparar com uma barreira que o expõem ao maior desafio da prova: leitura de situação a aplicação de toda a sua experiência na atividade. Um presente para se testar, nos limites físicos, mentais e técnicos.
Finalmente cheguei no inicio dos 2 kms finais de terra batida, já passando do meio dia e agora com vento de frente e calor. Fui arrumar o boné e caiu! E voltei para pega-lo quando um senhor que saiu da trilha comigo parou, abaixou para pegar o boné e me deu em mãos. Um gesto de nobreza, pois quem corre sabe o que significa interromper a dinâmica do movimento no final de uma prova, sem saber quanto tempo faltava para fechar o tempo.
Grande gesto , aqui fica o meu muito obrigado ao amigo que claro agradeci na chegada pessoalmente. Foram kms finais especialíssimos! Acertamos a passada no máximo da velocidade permitida por nossos organismos para não perdermos a cadência e seguirmos fortes !

E quando acaba olha a alegria…mas calma, só acabou a descida, eu Sheila tinha também aproximadamente 3k para correr e chegar.
E para mim César, foram realmente kms finais nota 1000 nesta prova que é show em todo seu percurso!!
E como esses kms finais ficam grandes rsrssrsr! É de fato a última provação, dupla pois é corpo e mente!
Missão cumprida!
Cheguei! Com 4h32 de prova, o Cesar já estava me esperando e comemoramos mais uma vitória.
Concluir um desafio novo é sempre bom, conhecer um novo local na natureza com muito oxigênio também, é uma grande celebração de vida e saúde.
Se eu me arrependi de ter feito os 29.2k? De jeito nenhum, valeu muito cada passo, cada vista…
E ainda recebi prêmio de segundo lugar na categoria para melhorar as comemorações; no dia acabei não percebendo, cheguei em casa, olhei o resultado e estava lá:
Falamos com a organização e fomos buscar o troféu:
E como as histórias são infinitas não posso deixar de relembrar os novos amigos que certamente encontraremos em breve.
E eu to voltando para casa ….
0 comentário em “Corrida Trilha do Caveira na Serra do Matoso”