Na madruga do dia 18 de março de 2017 choveu muito, e a previsão apontava chuva para sábado e domingo. Acordamos e fomos à Barra da Tijuca para encarar o desafio de nadar 2k no mar na prova de natação em águas abertas dos Jogos Cariocas de Verão 2017….
…e cadê a chuva?
Nada de aparecer, temíamos que aparecesse e para nossa alegria só apareceu de tarde.
Chegamos na prova com a nossa amiga Deise e a “Elite” (a organização não restringiu a inscrição de atletas amadores na categoria e alguns acabaram se passando por elite por um dia) que já estava no mar nadando 3 km em um mar aparentemente ficando mexido e com correntes, diferente do que parecia antes na praça olhando de longe.
A largada da “Elite” aconteceu as 7h00 e a dos 2 km – competição por faixa etária aconteceu as 8h e alguma coisa…
Estávamos apreensivos com o mar que víamos da areia mas vamos lá, se a organização disse que dá…deve dar! Apesar de não parecer nas fotos e no vídeo, um tempo depois já tinha mudado …
Caminhamos um pouco, eu Sheila e Deiseane atrás da largada do masculino, pois 2 minutos depois aconteceria a do feminino. O mar estava com valas e a dica foi entrar pela diagonal…
A entrada da prova foi uma grande seletiva, muitos não conseguiram entrar por pegar a famosa “série” (sequencia de ondas) na cabeça.
Nós, eu Sheila e o César, conseguimos mas foi por muito pouco. Na foto acima fica clara a mudança.
Ao longo da prova a água estava perfeita na cor, temperatura e fluidez. Era só acompanhar a maré e o tempo nublado contribuiu com um visual único.
Os comentários pré prova eram de uma corrente na volta, por isso para mim, Sheila, a estratégia de prova foi totalmente direcionada a economizar energia.
Na volta, tinha a corrente mas nada que exigisse o que a minha imaginação havia criado.
Para otimizar a natação foquei na navegação, mantive a boia como referencia mas me direcionei pelos os 03 prédios que estavam juntinhos lá no final do horizonte e firmes no asfalto sem sofrer interferência da maré.
Na saída, vi a boia e recebi a dica do Staff, “agora é só mirar na tenda amarela e nadar mas tem que NADAR!”.
Segui atenta a dica e intrigada descobri que sair foi muito pior que entrar! Mirei a tenda amarela e fui embora pela lateral… nadava reto e mesmo assim seguia de lado.
Cheguei, quer dizer chegamos! O César havia chegado um pouco antes e fomos celebrar com os amigos.
Galeria de fotos com os amigos antes e depois da prova:
Para nós a oportunidade de nadar na Barra da Tijuca pela primeira vez; já para o amigo Velton Bento do Blog Só Pensa em Correr , a estréia em uma prova de natação em águas abertas!
Encarou o mar que muita gente experiente preferiu não encarar! E com certeza o nosso ultimo fôlego foi em sua homenagem , parabéns pelo feito e que venha muito mais.
Já para mim César, a entrada foi uma provação da boa. Estávamos todos na areia para a largada masculina, na expectativa de como seria passar a arrebentação.
A verdade é que a cada momento a entrada poderia ser completamente diferente para cada nadador. A melhor dica e o que deveria ter feito, é a observação da série e entrar exatamente no momento que ela esta acabando, calculando o tempo para a entrada de vez na briga para só então passar a arrebentação.
Esse calculo pode definir seu sucesso na entrada ou não, pois poupará muita energia e poderá evitar tomar umas bombas na cabeça, o que sempre pode afetar o mental, e ai a coisa fica mais difícil.
Como o mar estava mexido e haviam valas, nem todo mundo se aventurou a fazer o aquecimento na água, e a consequência foi descobrir na hora como estava a vala e a profundidade logo ao deixar a areia.
Pois bem, logo na entrada a uns 5 metros já ficava fundo a ponto de não dar pé, o que foi um agravante. Não dava para caminhar e ganhar alguns metros, talvez pulando algumas ondas até chegar a uns 2 metros e sair nadando. Era entrar, já perder o pé e ter que nadar na zona da arrebentação que dessa forma aumenta e muito, assim como o tamanho e frequência das espumas e bombas que terá que furar.
Não deu outra, assim que entrei, e entrei na hora errada, deveria ter estudado melhor a série, já peguei uma bomba na cabeça de mais ou menos um metro tendo que segurar a mascara e me jogar para a base para tentar furar a espuma. Como a onda era grande e rápida, não consegui submergir o suficiente e a espuma pegou nas minhas panturrilhas me jogando de volta alguns metros para a praia.
Sai da espuma e ao levantar adivinhem… comecei a nadar e mais uma bomba! Dessa vez passei a onda mas na hora que coloquei a cabeça fora dágua e fui puxar o ar, aquela engolida de água e a engasgada na sequencia, o que te tira completamente do equilíbrio respiratório.
Ai já estava pilhado vendo o que vinha e para minha sorte peguei o fim da sequencia. Assim que percebi a possibilidade de avançar em direção a boia, veio a frase na minha cabeça… é agora ou nunca.
Meti o braço, sem esquecer que não poderia me desgastar em excesso, pois a prova nem tinha começado, e ao mesmo tempo não poderia correr o risco de dar de cara com outra série.
Ainda peguei uns dois ou três vagalhões, ou seja, aquela crescida e engordada que a onda da antes dela tomar corpo e formar, crescer e arrebentar.
Consegui passar arrebentação e não olhei para trás, só via a primeira boia e segui em sua direção, agora com o desafio de equalizar a respiração e a mecânica para uma nadada melhor, depois dessa entrada nada fácil.
Estava de roupa, o que facilita em alguns momentos mas atrapalha em outros. Quando o mar esta ok você desliza melhor, mas quando não está fica mais sujeito a variações das correntes, etc., pois meio que vai junto com a roupa por conta de certa flutuabilidade.
Sem a roupa certamente fura melhor as ondas, assim como as correntezas. De qualquer maneira gosto da roupa, e como em tudo tem seus pros e seus contras. Se pegar uma temperatura baixa na água sem a roupa, vai queimar muito mais rápido sua reserva de energia principalmente se for magro, o meu caso. Já bati muito dente em Copacabana nos dias de água gélida a ponto de ter que sair. Esse dia a água estava em uma temperatura ótima.
Passando a primeira boia, o foco era a segunda, achei minha referencia de navegação no horizonte e segui. O mar estava ok, mas só equalizei meu organismo quase na virada por conta da entrada tensa.
Virada a segunda boia, ja era o caminho de retorno. Olhos na terceira boia e novamente definindo no horizonte o ponto de navegação. Realmente tinha uma corrente contra e outra das ondas tendendo a te jogar para a praia, e como o mar estava crescendo não dava para vacilar e se deixar levar sentido areia.
Decidi traçar uma diagonal sentido mar aberto mesmo mudando a rota, pois sabia que no final compensaria, fora a vala que ainda daria uma certa dor de cabeça.
E como a Sheila comentou e o pessoal do Staff avisou, tivemos que nadar para valer para chegar até a areia.
De repente avistava a proximidade da boia e de repente voltava, e assim foi por conta da vala a uns 100 metros da boia, travando uma luta com a correnteza e a vala que estava agindo sem dó.
Por conta disso um rapaz do staff com jet ski deslocou a boia mais para dentro do mar… não entendi e continuei mirando na boia agora em uma nova posição.
Continuei e a vala ainda dando trabalho, e quando comecei a me aproximar da boia de novo o staff deslocou a boia. Nessa hora achei que a prova tinha sido terminada, mas uma nadadora próxima disse que foi avisada do novo deslocamento por conta da vala.
Então estava na briga ainda, sem saber da orientação que a Sheila receberia, mirei também na tenda amarela na areia, que era na mesma rota do prédio maior que havia definido para seguir.
E como toda prova só acaba quando termina, essa não foi diferente! A saída foi tão tensa quanto a entrada, me colocando a prova em uma nova situação, ou seja, estar nadando e se orientando, e tomar umas espumas na cabeça que vem e você não sabe que vêm!
Nesse momento havia um nadador do staff orientando como fazer para não ficar na horizontal nadando e com a espuma passando pela sua cabeça, o que pode deixar o nadador sem ar se for grande e continua. A dica foi ao sentir a onda perto abrir os braços e aproveitar a força da espuma para leva-lo sentido areia. Confesso que para mim não funcionou muito.
A sensação é estranha por estar perto da areia, no meio de uma vala, tomando umas na cabeça e não conseguindo sair do lugar. Não da para deseperar, só esperar a hora certa para nadar e não lutar contra as ondas e correnteza de volta delas, tem que aproveitar a melhor hora e nadar , e não brigar ou desesperar .
Finalmente cheguei na areia e ainda tive que correr um pouco até o pórtico, pois por conta da vala fui deslocado uns 50 metros para direita da chegada.
A parte boa é que nossa amiga Deiseane que foi também nadar já estava posicionada na areia, e viu a Sheila chegando na água logo que saí.
Segui até cruzar a linha, então olhei e via a Sheila chegando. Melhor não podia ser, chegarmos praticamente juntos em uma prova dessas já é o melhor prêmio.
Vale dizer que ela largou dois minutos depois de mim, e mesmo assim chegamos praticamente juntos.
No mar as variações sempre desconhecidas e a navegação vão determinar o desempenho de cada um, e para isso não têm fórmula, só treinos, preparo, analise e conhecimento do local previamente.
Foi isso o desafio deste sábado que ficou marcado na lista de experiencias em águas abertas!
Uma vez na areia, ai é seguir o caminho de volta para a segunda parte das provas, e tão tão esperado ou seja, banho, comida e relax no aconchego do lar!
E depois disso então conferir as experiencias que os amigos viveram e saber como foi para cada guerreiro!
Sendo assim até a próxima aventura marítima!
Esta prova realizada com a Lei de Incentivo ao esporte e todos saem ganhando, nós por termos a oportunidade de participar de uma prova com o preço justo, e a empresa que direciona o pagamento de imposto para a pratica de esporte e fazendo a diferença na vida de muita gente.
Saudações Atividade360!
Obrigado pela homenagem. E vocês fiquem certo que me incentivaram através das postagens. E agora nos encontraremos além das corridas nas provas de águas abertas!
Prova difícil mas a concretização de mais uma superação do mar!!!!
Que venham as próximas provas!!!!!
#desbravadoresmareterra
O relato de vcs é algo muito legal, igual a postagem de Whatsapp “Recordar é Viver”, pq vcs expressão a sensação da nossa experiencia em cada etapa dessas no ma. O mar que tanto é mito para grande maioria, mas que com treino e rodagem podemos superar aos poucos e incentivar alguns amigos a se apaixonar por essa variante da natação, águas abertas.
Parabéns pelo registro feito aqui por vcs !!!!
Maravilhoooosos. Manhã de adrenalina em alta. Apesar de ter largado, o nervoso de ver aquele mar crescendo e crescendo me tirou do tom. Desafinei. Quando deu a largada, nevosamente, fiz a coisa mais errada de todas a ser feita num mar grande: não olhei a série. Simplesmente me meti na água e quando vi estava no meio de uma série grande, forte, rápida… uuuuulll. Vários parafusos psicodélicos espumantes, mutios atletas desistindo, os staffs receosos… meio que sem dar conta de algumas meninas pedindo ajuda pra sair… hora de assumir os meus limites. Volta pra areia garota. Na areia, uma rodinha de muito consolo e troca de tremedeiras, algumas lágrimas… se formou naturalmente, com atletas desconhecidos que simplesmente se sentaram e viraram melhores amigos express. Mar não é brincadeira. Só de ter entrado e encarado, já valeu a medalha. Siiiim, a organização fez questão de reconhecer a nossa coragem e não nos deixou sem a medalha, mesmo sem ter nadado o percurso. Nervos no lugar, hora de esperar o casal 360, pois eles sim… são sinistros. E chegaram lindamente juntos.