A última prova que fizemos do Rei e Rainha, foi o Challenge que aconteceu no Recreio, a volta na Pedra do Pontal seguindo pela Praia da Macumba. No final da prova soubemos sem querer por nossa fonte que haveria o Super Challenge 10k em dezembro e decidimos naquele momento que o Desafio se confirmado, já estava na agenda!
E foi o que aconteceu, a cereja do bolo na última edição do Rei e Rainha do Mar em dezembro de 2016 foi a estréia do Super Challenge 10k com a grande maioria de participantes fazendo a distância pela primeira vez.!
Sim, foi nosso maior desafio em águas abertas até o momento!
Nadar 10k em 4 voltas de 2.5 km exige além do preparo físico, muito mais preparo mental!
Isso sem levar em consideração que o mar muda a cada hora, logo 4 x 2.5km serão 4 x percursos diferentes por menor que seja a mudança.
E como a cada volta o desgaste aumenta, as sensações e percepções do oceano e do seu corpo também!
A cada braçada e a cada pernada a reorganização da mecânica do movimento e da cabeça se faz necessária para unir a técnica e o ganho com o treino prévio feito na piscina e no mar, assim como as adversidades que podem e surgem na prova.
No meu caso, eu César, perdi a última prova antes dos 10k em Caraguatatuba; o Desafio Aquaman de 7k por ter comido algo que me fez mau e me detonou, vide conforme o post anterior aqui no blog com os detalhes Natação no Mar 7k e 1.5k -Desafio Aquaman , enfim abortei os 7k e fui para a outra opção de 1.5km que fiz e fiquei muito contente com o resultado. Porém o tal longão que seria nesta prova, praticamente o treino de luxo, não fiz.
A solução foi fazer com a Sheila no final de semana antes do Super Challenge 8k rodando em Copa, girando tempo e acabamos nadando 3h00 seguidas com uma saída para hidratação, dando duas voltas do Posto 6 sentido Leme e voltando .
Na semana anterior a prova fechamos nossos dois treinos na piscina do Fluminense também .
Na sexta feira fomos retirar os kit no Hotel Arena no Leme, e já na retirada todas as filas estavam cheias e a do Super Challenge vazia! Conclusão era que ou a turma já havia vindo ou viria, mas certamente os malucos não seriam muitos.
Depois descobrimos que foram aproximadamente de 100 a 200 inscritos, entre homens e mulheres, e que a maioria faria sua primeira tentativa de 10k no mar ou a temida maratona aquática!
Encontramos com Allan do Carmo que nadaria com Poliana Okimoto e que estava nesta hora a aguardando para o lançamento da revista Swim, edição especial em homenagem a P. Okimoto.
Vimos também outros atletas que competiriam no domingo, só a nata voltando de uma rodada no mar e chegando no hotel.

Eu não canso de repetir que na preparação para desafios sugiro levar em conta as suas necessidades, aquelas que você sabe quais são e ignorar quaisquer influências alheias. Quem fará a prova é você e ponto.
Fui de roupa de neopreme completa ou wetsuit de natação e levei uma pochete pequena de neoprene com 4 saquinhos de gel para tomar a cada rodada. Claro que o gel que estou acostumado e já conheço.
Sabíamos que a perda d´água e sais seria intensa, logo hidratação e reposição seriam fundamentais para que o percurso transcorresse da melhor maneira.
Eu César, tenho metabolismo super rápido e preciso ter o que queimar, então essa fórmula para mim funciona.
Na largada um colega perguntou se tinha gel e achou uma boa ideia a pochete. Senti uma ponta de arrependimento na declaração do amigo por ter esquecido seu gel; nesse caso se sua roupa não tiver os bolsos estratégicos a pochete te salva e o acesso é fácil, caso preciso tomá-lo dentro d’água ou cedê-lo para alguém que possa precisar.
Sempre levo mais do que preciso e já tive a felicidade de ajudar alguns atletas em mais de uma ocasião seja nadando, correndo ou pedalando.
Esse tipo de esquecimento, de preferência, não pode acontecer. Pode quebrar o seu mental se não estiver bem e literalmente a sua nutrição, se tiver treinado com essa reposição pelas suas necessidades orgânicas.
Vimos outras pessoas também com pochetes com sua suplementação fora a da prova, basicamente gel ou carbo e que faz a diferença pela queima realizada que é enorme. Porém cada caso é um caso!
Encontramos com amigos como Renêe do Freak Swimmers
e Alexandre…
…e pudemos largar juntos eu César, e Sheila, nunca ocorrido antes. Nessa prova homens e mulheres largaram juntos o que foi muito bacana!
Aí aquela última hidratada antes da largada que nunca é demais!
Tranquilidade e staff mais do que ligado para segurança de toda prova…

…e as últimas orientações sobre as boias e a navegação dadas por Luiz Lima!
Largamos! E agora era ir atras dos 10k!!!
Na primeira volta fui reconhecendo o mar e as bóias uma a uma, e na primeira parada na transição foi uma banana, um gel, e 500 ml de água e meio Gatorade. Nessa hora fui incentivado por amigos e pela atleta Deiseane que já havia corrido e nadado no Beach Biathlon!
Segui para a segunda em ritmo ok e no final da segunda volta mandei duas bananas, gel e um saco inteiro de Gatorade por conta dos sais e entrei de novo.
Nessa passagem Beth das Rainhas do Mar (grupo de whatssapp da representação feminina que nada no mar) gritava vai Cesar e a mulher do Alexandre, a Ana, Super Ultra corredora estava clicando aprova e também me incentivou dizendo que estava indo super bem e que a Sheila já havia passado. Só posso agradecer a toda essa turma do coração.
Ao ver o tempo no relógio e saber que havia um corte das 3h45 para saída para a quarta e última volta, me dei conta que precisaria apertar bem o ritmo e foi o que fiz. O que mudou foi já ter feito meia prova ou seja 5k nas costas, e o mar começar a ter variações de volume e alguma correnteza entre certas bóias.
A saída até a primeira bóia preta era chata e virávamos com o ombro esquerdo, depois tínhamos uma laranja e uma branca sentido Leme e virando sentido mar aberto, uma azul que ao contornarmos já dava para apontar a navegação para o Forte de Copacabana, mais ou menos na direção da bandeira do Brasil, e ir checando as próximas boias, uma azul e uma laranja para virar a direita e ir direto até a areia para a transição. Já estava nadando sozinho há um tempo e não tinha idéia se tinha gente atrás ou não. Vi sim antes várias toucas de outras cores, muitas verdes do Challlenge 5k passando por nós dos 10k.
Pois bem, consegui chegar aos 3h40 na transição, 5 minutos antes do fechamento para encarar a última volta. Nessa hora já não tinha a galera do incentivo, o que é mais do que normal por conta do tempo de espera.
Comi mais uma banana, mais um gel como programado, pedi um Gatorade que tinha acabado e fui informado que poderiam buscar mas eu perderia tempo, então cancelei e segui para a quarta e ultima volta. O arbitro ou responsável pela passagem me viu na pilha para entrar e acenou para me hidratar tranquilho e comer que estava tudo certo, afinal tinha chegado no tempo e antes do tempo limite já estava de volta na água.
Saí para a quarta e última volta com uma sensação de missão cumprida parcialmente por passar o corte, só que agora precisaria chegar antes das 5h limite de prova e tinha aproximadamente 1h20 para fechar os 2.5k já em um mar diferente e subindo por conta do horário, já eram praticamente 11h40.
Não adiantava desesperar e tentar apertar, isso só pioraria o rendimento, então tive que chamar todo aprendizado e leitura do que meu corpo mandava de informações para otimizar cada metro com o máximo de rendimento nas minhas condições que eram boas após nadar 7.5km, mas são 7.5km… e assim segui mantendo a tranqüilidade sem relaxar demais e buscando cada centímetro do mar de Copacabana para completar os 10k de preferência no tempo!
A cada metro e bóia que passava observava o staff em jetskis, stand up padlles e botes motorizados me acompanhando atentamente sem interferirem em nenhum momento na minha prova.
Sabia que estava praticamente sozinho e que possivelmente, assim que passasse as bóias , cada uma seria talvez reposicionada para a próxima prova de Stand Up Paddle.
Consegui seguir sem me pressionar e encontrei um nadador na minha frente, e nadamos próximos por 1.5km. Nas ultimas duas bóias o amigo acelerou e seguiu, e não o vi mais.
Virei finalmente a última bóia e avistei o prédio branco que era a referencia de navegação para a chegada que estava logo abaixo e segui em direção a areia.
Esse ponto da ultima boia para a praia para mim foi chato em todas as saídas do mar, pois sentia correnteza lateral vindo do Forte de Copacabana e da laje, em diagonal, e se me distraísse saia da rota. Imagine isso na última volta fechando os últimos metros…
A única saída era foco, atenção e tranquilidade para chegar! Durante a prova tive alguns inícios de câimbras nas panturrilhas mas consegui controlar sem problemas para minha sorte.
O pórtico de chegada parecia longe mas da mesma maneira que sumia, aparecia em uma próxima respiração frontal mais perto um pouco…
Resolvi nadar o máximo até me levantar pisando na areias, já haviam ondas e a ultima coisa que queria era um caldo no final, rsrsr!
Senti a areia e uma profundidade boa de aproximadamente uns 50cm que mesmo com a variação das ondas já não permitiria que perdesse o fundo e segui correndo para o portal de chegada!
Sim, correndo, porquê depois de um desafio desse têm que comemorar e foi a minha maneira também de agradecer ao staff que me acompanhou e me recebeu nos últimos minutos!
Fechei a prova no tempo antes das 5h, no osso do caroço, mas que boa sensação!
Na saída encontrei com Pedro Monteiro, organizador do Rei e Rainha que me perguntou com havia sido e comentei: As vezes ser o ultimo é tão bom quanto ser o primeiro e foi realmente o que aconteceu. Fui o ultimo a cruzar a chegada dentro do tempo limite. Me senti muito feliz pela conquista comigo mesmo acima de tudo, essa sim foi uma prova de superação nos mínimos detalhes! É você e você e o mar e as forças que te impulsionam e permitem seguir neste ambiente único , misterioso e infinito !
Encontrei com a Sheila que me esperava e já havia chegado! As palavras não lembro mas foi algo como…conseguimos! 10k feitos! E provavelmente aquela cara que sem falar nada expressa toda a experiência depois de um desafio desses!
E na saída, dica maravilhosa da Sheila que já havia feito sua massagem e indicou a tenda, então tive a sorte de encontrar duas massagistas ainda trabalhando na prova, mas nesse momento sem ninguém na maca.
Recebi junto com a medalha um bônus mais do que necessário naquele momento! Relaxamento em dose dupla e só tenho que agradecer !!!
Saímos eu e Sheila para irmos até o guarda volumes para pegarmos nossas coisas e seguirmos para casa, pois já estávamos a caminho de um outro desafio no dia seguinte e o congresso técnico seria em menos de duas horas.
Em poucas palavras, foi uma experiência riquíssima de corpo mente e alma com um aprendizado amplo e aplicável a toda vida! Simples assim!
E agora é conferir a experiência da Sheila que completou muitíssimo bem os 10k e sim fez duas semanas antes os 7k em Caraguatatuba no Desafio Aquaman!
Eu, Sheila, fiquei mentalizando a prova e o trajeto um desde o dia anterior a prova. Imaginava como seria e como acabaria. Peguei está dica uma vez do Nuno Cobra que treinava o Aírton Senna…visualize a sua chegada! E isso acaba me tranquilizando bastante e me deixando segura de que dá para fazer, só é preciso observar seu corpo, ritmo, ambiente e refazer a estratégia se preciso for…
No dia da prova estava meio sonolenta, as vezes não cai minha ficha do que eu tenho que fazer, estava ali prestes a nadar 10k, era muita coisa e não sabia o que eu estava sentindo. Ainda mais que havíamos chegado em cima da hora, guardamos as coisas e já fomos para a largada… não tive tempo para pensar.
Largada com igualdade de gênero…pera ai, onde estão as outras mulheres??? Éramos tão poucas que sumimos na multidão de homens. Poliana Okimoto representou muito bem as meninas , e acolheu a todos como super atleta que é, uma simpatia e cheia de carisma!

O Luiz Lima é sempre um grande padrinho e as suas dicas valiosíssimas “Nadem a primeira volta com cautela e só digo uma coisa, depois da segunda, já foi!”

E assim eu fui, na primeira volta fui quietinha entendendo como seria, observando e nadando com muita tranquilidade.
Na segunda volta, soltaram um povo colorido com tocas de outras cores que parecia uma grande festa e pensei na hora : “Obrigada por enviar amiguinhos para agitar a minha natação!” . E assim foi, peguei o embalo do sangue novo mas sem me empolgar demais, só para dar um novo ritmo.
Na terceira, a “festa” já estava no final para os meus amigos que foram ficando espaçados…
… E na quarta volta eu fui sozinha de novo…na paz e na tranquilidade já pensando que sim, havia chegado, sim acabaria e sim eu sairia mais forte do que havia entrado!
Foi muito legal ter o suporte e torcida das amigas nas primeiras voltas, conversar com estranhos que olhavam assustados com o que eu estava fazendo e sair na leveza de que sim dá para fazer e vamos lá de novo e de novo, e de novo!
Sobre dar 04 voltas no mesmo circuito no mar, e para quem nada na piscina e faz milhares de chegadas não tem comparação. Como o Cesar disse, nenhuma volta é igual a outra .
Você no mar em uma prova que te dá toda a segurança com sinalização perfeita e staff por todos lados, é uma oportunidade única como desafio e também meditação em um universo maravilhoso e apaixonante chamado mar.
E assim fechei o Super Challenge com 4:29h !
E para nós ficou a certeza que quebrada a barreria mental dos 10k nadando no mar, é seguir em frente para as próximas experiências aquáticas com a turma da ÁGUA!!!!!!!!
E fica nossa homenagem ao Renêe, Adriano, Holanda e toda família do grupo querido Freak Swimmers que nos lembra sempre a máxima da saúde mental que é ser maluco ou freak do bem para viver e ter qualidade de vida; sim é a única saída, amigos malucos abençoados pela Mãe Natureza !!!
E que nos livremos de sermos normais.. para bom entendedor meia palavra basta e até breve !!!
Muito show, parabéns meninos!
Ainda bem que esperei pra ler tudinho com calma e vivenciar cada memória e sensação de vcs nessa insanidade. 10 km em águas abertas é pra assinar de vez o atestado da máxima da saúde mental.
Relatos incríveis!! Vcs são incríveis!!Parabéns
Somos todos incríveis 🙂